A faca que feriu o coração

Olhei adiante,
Tão distante que vi o passado,
Então me tranquei no quarto,
Com o Faquir e dezesseis toalhas,

Despedacei um coração
Arranquei – lhe um bordão
Que soava como solidão
Um pedido de compaixão

Deixe – me sair, Deixe –me sair

Saiu.
Cinco litros e dois Mls de sangue
Saíram também.
Meus trapos não se controlavam
Trapos ensangüentados.

Pobres gritos do coração
Carecia de maior compreenção

Ódio, Amor, Saudade, vingança
Ódio, Amor, Saudade, vingança
Ódio, Amor, Saudade, vingança

O Faquir ensangüentado
Calou o coração desesperado
Nunca houve tanta paz
Tanta liberdade, tanta dor.

Não soube se comportar
Há certas coisas que não se deve gritar.

Tolo coração
Viveu pouco e foi em vão.

Cortei o pescoço do Faquir
Como a ovelha negra o faria,
Decapita o lobo que dorme e foge
Pra não ser pego pela matilha

Pra não morrer na prisão

Seu rebanho o condena
Por lhes ter abandonado,

Mas não vêem
O lobo decapitado,
Não vêem
O faquir ensangüentado

Não sentem o cheiro do sangue na mão.
Não culpam

A faca que feriu o coração

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